Toda a gente quer uma receita, não é? É simples, está tudo explicadinho. Não falha, basta seguir as indicações. É cómoda, não é preciso gastar muita energia.
É por esse motivo que há muitas receitas (umas com mais sentido outras com menos), e muitos prescritores (uns realmente com boas intenções mas outros nem por isso). Mas o problema está em que tal receita não existe, lamento informar. E receitas podem ser cursos, livros, manuais, conselhos, etc. E os prescritores podem ser instituições de ensino, autores, formadores, consultores, etc.
Pega na bola, coloca no sítio certo, olha para a baliza, analisa a constituição da barreira, observa a posição do guarda-redes, escolhe onde queres colocar a bola, determina a trajetória da mesma, posiciona-te para bater, parte para a bola, chuta e…. é certo que será golo?
Escolhe uma profissão, escolhe um curso, tira boas notas, tira pós-graduação, mestrado e mais formações, faz networking, candidata-te a uma boa empresa, escala na hierarquia, entretanto namora, viaja, casa, compra uma casa, tem filhos, continua a trabalhar, ganha dinheiro, e no fim… serás feliz?
Tem uma ideia, vai para uma aceleradora, analisa o mercado, conhece o teu público, arranja financiadores, monta uma equipa, cria uma empresa, começa a faturar, toma decisões, trabalha o mais possível e… terás uma empresa de sucesso?
Será a receita que determina o sucesso? Há muitas pessoas a seguir as mesmas receitas, mas o facto é que muito poucos são realmente bem sucedidos, pois cada pessoa é uma pessoa única. Cada um tem o seu caminho, porém existe muito a tendência de tentar imitar ou copiar o dos outros. Mas será que o sapato do vizinho cabe no meu pé? E se lá conseguir pôr o pé, vou andar confortavelmente? Durante quanto tempo?
Saber qual o seu caminho, e aprender a fazê-lo por si próprio, com os seus erros e falhas, é um processo individual e com a sua dose de desconforto. Claro que se pode aprender com algumas receitas e com alguns prescritores, mas no final, de quem é a responsabilidade? Buscar inspiração e estar aberto a ideias é diferente de aceitar e seguir o que está no manual. A receita somos nós que a fazemos. É a nossa receita. Assumir a nossa responsabilidade no processo é absolutamente essencial; se não o fizermos, estamos a ceder esse poder a terceiros. Claro que se falhar é sempre mais fácil culpar os outros do que a nós próprios…
O mais importante não é a receita em si, somos nós, são as nossas crenças, capacidades e atitudes e a forma como as aplicamos e as potenciamos.
Não tenhas medo de fazer a tua receita. Se não resultar, altera ou ajusta os ingredientes e tenta de novo 😉